Defesa Civil e Cruz Vermelha

Defesa Civil e Cruz Vermelha
Prefeitura de Lajeado-RS

143 municípios em situação de emergência devido à falta de chuva no RS


Pelo menos 285 mil gaúchos enfrentam racionamento Fabiano Nunes/Especial
Represa de Vacaria
Maio de 2012

Sete meses. Em junho, a seca fará um dos mais longos aniversários consecutivos da história no Estado. Mais de 285 mil gaúchos enfrentam racionamento de água diário em sete municípios. A falta de chuva faz com que 143 municípios estejam em situação de emergência, segundo a Defesa Civil. A população atingida ultrapassa 750 mil. E pode crescer ainda mais. 

Torneiras secas por horas ao longo do dia é a dura rotina de cinco cidades com sistema próprio de abastecimento: Bagé, Benjamin Constant do Sul, Ibirapuitã, Centenário e Floriano Peixoto. Dos 325 municípios atendidos pela Corsan, dois também racionam: Erechim e Vacaria. Em outras a medida extrema não foi tomada. Ainda. Segundo a companhia, a situação é de alerta em Silveira Martins, Agudo, Restinga Seca, Canguçu e São Marcos. 

Sem água durante 14 horas por dia, o comerciante Jucelino José Mioto, 57 anos, teve que mudar os hábitos. Até o horário do banho ele antecipou. Precavido, fez uma tabela com a programação da semana e diariamente usa panelas e vasilhas para armazenar o que pode antes de o prazo esgotar. O preço da conta de água diminuiu, mas Mioto garante que não se importaria em pagar mais para ter o líquido à vontade. 

— Tem que pensar tudo com antecedência para não ficar em apuros. Nunca vi problema tão grande desde que nasci — conta. 

Enquanto amarga a seca em casa, Mioto pelo menos comemora o aumento nas vendas de água mineral no mercado da família. A procura é tanta que hoje ele vende em uma semana o que antes demorava dois meses. Em contrapartida, a falta de água prejudica empresas que precisam do líquido no dia a dia. Nos bombeiros, um reservatório garante tranqüilidade em caso de incêndio. Mesmo assim, a ânsia por chuva é imensa. 

Para atender a demanda da população, a Corsan leva 2,4 milhões de litros de água por dia com caminhão-pipa até a estação de tratamento. A água é captada em rios de municípios da região por aproximadamente 15 caminhões, que fazem várias viagens por dia. Obras emergenciais, racionamento e alerta permanente têm conseguido estabilizar o baixo nível da barragem de captação. Mas a meta é reduzir ainda mais o consumo de aproximadamente 22 milhões de litros por dia.

Perto dali, Benjamin Constant do Sul raciona água há mais de 75 dias. Das 7h às 11h e das 13h às 18h, as torneiras ficam secas. A prefeitura precisa comprar água de poços artesianos em municípios vizinhos. Em Ibirapuitã, o racionamento começou há uma semana. O abastecimento é interrompido das 13h às 17h. Só acabará quando a chuva, que não vem há dois meses, normalize a situação dos poços artesianos. 

— Além da escassez na cidade, há 40 famílias sem água no interior — lamenta Aocildo Francisco Zandonai, secretário municipal de Obras de Ibirapuitã. 

O drama da seca também castiga Centenário. O município passa a noite sem água. Das 19h às 7h do dia seguinte, não há abastecimento. Um poço já existente será ampliado para tentar solucionar o problema. No interior, a água só chega por caminhão-pipa, uma realidade semelhante à de pelo menos 20 municípios no norte do Estado. 

Um deles é Floriano Peixoto. Mas enquanto na área rural o transporte ameniza a dificuldade, na cidade é preciso ficar sem água quatro horas por dia. Desde janeiro, o abastecimento é interrompido das 13h às 17h. Instaurada como prevenção, a medida virou necessidade devido à falta de chuva. Três poços abastecem o perímetro urbano e um quarto foi perfurado, mas falta dinheiro para a canalização. 

Em 2005, mais de 1 milhão de gaúchos ficaram sem água em 25 municípios abastecidos pela Corsan. Apesar de o número ser menor neste ano, o diretor de Operações da companhia, Ricardo Rover Machado, não hesita: a seca atual é pior, pois a falta de chuva é prolongada. Ele atribui o menor impacto em relação à tormenta de sete anos atrás aos investimentos emergenciais em infraestrutura feitos na época. E apela para que as pessoas usem a água com cuidado até que a chuva reapareça. 

— As obras amenizam, mas o foco maior delas é a prevenção futura. Hoje, é preciso economizar e qualquer litro faz muito diferença — conclui.

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